segunda-feira, 30 de julho de 2012

Ciência e religião de mãos dadas


Ciência e religião de mãos dadas

No ótimo livro Por que a Ciência Não Consegue Enterrar Deus (p. 56), o matemático e professor de Oxford, John Lennox, apresenta uma ilustração interessante que ajuda a entender o propósito da ciência e da religião. Trata-se do bolo da tia Matilde. Segundo Lennox, se o bolo, depois de pronto, fosse levado a um químico, ele poderia analisar suas propriedades químicas, as reações ocorridas em seu preparo. Se fosse levado a um físico, este analisaria as partículas do bolo e sua consistência. Outros cientistas fariam análises semelhantes do bolo a partir de sua área de pesquisa. Mas se fosse perguntado a todos eles por que a tia Matilde fez o bolo, nenhum saberia responder. Eles poderiam dizer muita coisa sobre a estrutura do bolo, mas nada a respeito do propósito dele.

Assim ocorre com a ciência: ela pode nos dizer muita coisa a respeito do como. E assim ocorre com a religião, que pode nos ajudar a entender o porquê. Se ignorarmos deliberadamente uma delas, ficaremos sem importantes respostas sobre o mundo que nos rodeia. O criacionismo bíblico procura estabelecer essa interface entre ciência e religião (ou teologia bíblica), porque parte do pressuposto de que as duas, corretamente entendidas, são complementares.

Pense bem: como poderíamos, afinal, conhecer o propósito para o qual a tia Matilde teria feito o bolo? Simples: apenas se ela mesma revelasse esse propósito. No entanto, mesmo essa revelação teria que fazer sentido, ser racional e lógica. Por exemplo: se soubéssemos que Matilde não tem filhos e ela dissesse que havia feito o bolo para o filho, imediatamente notaríamos a incoerência. Mas, se ela de fato tiver um filho e ele estiver de aniversário, a revelação do propósito fará todo o sentido.

Para o criacionista, a Bíblia é a revelação confiável dos propósitos de Deus porque, entre outros motivos, passa no teste da racionalidade (a história, as profecias detalhadamente cumpridas e a arqueologia estão aí para confirmar isso). Assim como Isaac Newton e tantos outros cientistas do passado e do presente, os criacionistas entendem que a ciência e a teologia – corretamente compreendidas, repito – são as duas lentes dos óculos com os quais podemos enxergar as respostas mais adequadas e satisfatórias para o como e o porquê.

O advogado e professor Phillip Johnson, em seu contundente livro Darwin no Banco dos Réus (p. 21), sustenta que “‘evolução’ pode significar qualquer coisa desde a declaração não controversa de que a bactéria ‘desenvolve’ resistência aos antibióticos à grande afirmação metafísica de que o Universo e a humanidade ‘evoluíram’ inteiramente por forças mecânicas sem propósito. Uma palavra elástica assim é capaz de induzir ao erro, dando a entender que sabemos tanto sobre a grande afirmação quanto sabemos sobre a pequena afirmação”.

Resumindo, o darwinismo (a despeito das várias compreensões a respeito do que seja “evolução”) é um modelo naturalista, ou seja, está teoricamente embasado no naturalismo filosófico. Isso significa que não há espaço para o sobrenatural em nenhum momento da História, nem mesmo na origem de tudo. “Para um naturalista, o Universo é análogo a uma caixa selada. Tudo o que existe na caixa (a ordem natural) é causado ou explicável em termos de outras coisas existentes no interior da caixa. Nada, nem mesmo Deus, existe fora dessa caixa; portanto, nada fora da caixa que chamamos Universo, ou cosmo, ou natureza pode ter qualquer efeito causal sobre o interior da caixa” (Ensaios Apologéticos: Um estudo para uma cosmovisão cristã, p. 251).

Lembra-se do exemplo do bolo da tia Matilde? A ciência (método) pode explicar o como das coisas, mas o naturalismo tenta nos fazer crer que o bolo simplesmente surgiu, sem um propósito aparente. Porém, a tia Matilde insiste em dizer que fez o bolo para o filho, porque ele está de aniversário. Cientistas criacionistas respeitam o método científico e procuram trabalhar com essa boa ferramenta, mas não dispensam as explicações da “tia Matilde”, porque entendem que a ciência, como ferramenta humana, tem suas limitações, e a busca da verdade tem que ser tão ampla quanto a verdade o é.

O que surpreende muita gente é que a teoria da criação tem evidências científicas, além de religião; e o evolucionismo não é pura ciência, tem muito de filosofia ateísta. Assim, você deve analisar qual dessas cosmovisões responde satisfatoriamente o como e o porquê da vida no Universo.

Michelson Borges

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